O drama de "Factótum"

fac.tó.tum
sm (lat fac totum) 1. Faz-tudo. 2. Aquele que se encarrega de todos os negócios de outrem. 3. O que se julga ou se inculca como apto para resolver todos os negócios.
(Dicionário Michaelis)


Bukowski é um autor que eu sempre vejo ser elogiado. Um escritor que pode ser considerado clássico, mas que não possui nenhuma firula em seu linguajar enquanto descreve a vida nos lugares mais pobres dos Estados Unidos. Muito sexo, álcool, brigas e sujeiras costumam se encontrar em seus romances, e foram exatamente essas caracteristicas que eu li em "Factótum".

É uma história...o quê? Que história? Eu realmente não vi história nenhuma aqui. A palavra certa seria "relato". Isso! Um relato da vida desafortunada de Hank (Henry?) Chinaski, um homem que adoraria se estabelecer como escritor. Ele até tenta fazer propaganda de seus trabalhos, mas não consegue muitos resultados. De qualquer jeito, é preciso arrumar algum emprego, ou não haverá dinheiro nem para um chope. Então, lá vai o homem em busca de algum sustento.

Mas parece que nada se encaixa em Chinaski. Nenhum emprego dura mais do que algumas semanas em suas mãos. Ainda que seja charmosinho, não há mulher que consiga ficar com ele de verdade. E nenhum lugar vale muito a pena. Lá vai o homem, de cidade em cidade, trabalho em trabalho, procurando, buscando, alguma coisa, qualquer coisa, mas nunca encontrando. Somente encrencas, brigas e decepções.

Bem repetitivo depois de um certo tempo, pois um ciclo se estabeleceu na vida de Chinaski: achar emprego e residência - ficar por aí um tempo, reclamando da inutilidade da humanidade - fazer merda - abandonar tudo em direção a outro lugar, sem esperança nenhuma. Aqui temos uma leitura sobre uma pessoa irritantemente normal, sem nenhuma história especial para viver, nenhum talento especial para oferecer. A verdade nua e crua. Boring. Álcool nenhum tapa o buraco dessa existência; a narração vem carregada com um ar tão pesado que chega a ser deprimente.

Essa é a vida, e ela não tem nenhum sentido.

Comentários

  1. Que chato hein. O livro que li mais próximo disso foi "Eu sou o mensageiro" do Markus Zusak. Parecia, no começo, só a história de uma vida à esmo, mas até que ficou interessante depois.

    PS: Nunca ouvi falar de Bukowski.

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    1. Hehe, no geral é chato mesmo, mas foi uma leitura interessante! Só que não é o tipo que eu recomendaria...
      E sério que você nunca ouviu falar? Eu só ouço maravilhas desse cara e, mesmo não curtindo muito esse, pretendo ler as outras obras dele.

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  2. Bukowski é bom. Mas não é pra sonhar. Seus relatos são espelhos de uma vida absurdamente real. Porque para as fantasias já existe bastante gente costurando e pintando... hehe.
    Algumas horas se vão ao apreciar Bukowski como esse que você leu, mas quantos estão perdendo toda a vida vivendo (um não viver) o que ele relatou(!)???
    A Rua das Ilusões Perdidas - de John Steinbeck também conta uma história despretensiosa assim... e sempre vale a pena sim, dar uma olhada nos olhares desses "visionários" da realidade fria.

    Gostei de como você descreveu o livro. É certo que você o "resenhou" tão bem que se pensou que desse jeito afastaria curiosos, não vai conseguir. (rs) Ficou muito bom. Você sabe mesmo como pincelar com as palavras as tuas sensações e impressões.
    Abraços, Lizzie. Aproveite as férias, se estiver de -! - mas aproveite os dias assim mesmo... =D

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    1. Fico muito feliz por ter gostado do texto! Mas sério que atraí alguém para essa leitura? Achei que seria o contrario mesmo, ainda que a leitura tenha sido muito boa. Só não foi agradável. Isso é compreensível, certo?

      Mas vc tem razão, ficar só na fantasia faz muito mal. Essas leituras realistas não devem ser desprezadas. Saber que há tantas pessoas com vidas assim me deixam com mais vontade ainda de aproveitar a sorte que tenho de não ter que lidar com essas coisas.

      Abraços! Aproveite você também! :D

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