Estive lendo: Um estudo em vermelho


E por isso eu me pergunto o porquê de tanta gente ter repulsa contra os clássicos.


Depois que eu assisti ao seriado da BBC, virei definitivamente uma grande fã de Sherlock Holmes. Decidi ler todas as obras sobre o detetive consultor, e o início me pareceu ser um bom lugar por onde começar.

"Um estudo em vermelho" é o primeiro relato de Watson sobre as aventuras de seu companheiro. Nele vemos como os dois se conheceram e passaram a morar juntos. Os detalhes sobre a vida com Holmes em Baker Street são muito divertidos - admito que, por vezes, mais interessantes do que o crime para ser resolvido. Ainda que eu já conhecesse bem Sherlock, é impossível não se intrigar com sua personalidade:

"Sua ignorância era tão extraordinária quanto seu conhecimento. De literatura contemporânea, filosofia e política, parecia não saber praticamente nada. [...] Minha surpresa chegou ao clímax, entretanto, quando descobri por acaso que ele ignorava a teoria copérnica e a composição do Sistema Solar. Que um ser humano civilizado neste século XIX não estivesse ciente de que a Terra gira em redor do Sol pareceu-me um fato que, de tão extraordinário, era quase inacreditável." 
Um estudo em vermelho (editora Zahar); página 35

O 'caso da semana'  não me animou muito no começo, mas melhora bastante com o tempo, ainda mais depois da segunda parte, em que a narrativa muda bruscamente, mudando época, lugar, pessoas, tudo. Acho que concordo com alguns  que tal pedaço do livro nem é tão importante para a história principal, mas com certeza dá a ela um ar bem mais legal e íntimo, ainda que tenha pouca ação. A abordagem da cultura mórmon ficou realmente ótima e interessante, e os personagens são muito cativantes.

Apesar de eu ter preferido o outro livro da série que li, gostei muito desse, e com certeza recomendo para quem só conhece Sherlock Holmes pelo nome. Vale a pena ser lido não só por causa da história e de seus personagens, mas também para ter um contato com a maior influência de boa parte do entretenimento policial hoje em dia.

Antes de finalizar essa resenha, eu tenho que falar sobre o quão maravilhosa é essa edição da Zahar. Ela não é a minha editora favorita por acaso, o capricho que dedica a seus livros é sinistro, e essa coleção das obras de Conan Doyle é uma prova entre muitas. Esse volume tem, além de ótimas tradução e revisão, muitas anotações sobre a série e interessantes definições. Curiosidades sobre a história, indicações, explicações da época, questionamentos, até possíveis erros do autor. É tanta coisa que eu às vezes parava para pensar no tempo que essas pessoas dedicaram nisso tudo. Um capricho bizarro e lindo. Ah, e para quem gosta de desenhos, a edição é toda ilustrada!

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